O Cinto Velho

Hoje eu ao me arrumar, coloquei meu cinto preferido. Eu tenho há muitos anos, talvez uns 15 anos ou mais. Ele é de couro marrom, largo. Tem uma fivela de metal redonda, é de abotoar. Ganhei de presente do então marido da minha mãe. Ele teve bom gosto :) Funciona bem com a maioria das minhas roupas. Ele tem os apliques em metal na ponta que dá um charme.

Em geral minhas coisas duram bastante tempo, procuro ter cuidado e, se são de boa qualidade, dura um mesmo. Tenho uma saia da minha época de estagiária na IBM que ainda cabe em mim e está em ótimo estado.

Eu realmente gosto bastante desse cinto. Até comprei uns novos, mas não ficam bem como esse.

Então hoje, ao me arrumar, notei que na parte que segura a fivela está super desgastada - como não vi isso antes? - já faltando um pedaço. Acredito que ainda dura algum tempo e se eu levar no sapateiro ainda dê para dar um gás nele.

Então tenho algumas opções:

1) continuar usando do jeito que está e ver até onde aguenta

2) aposentar ele de vez e jogar fora,

3) levar no sapateiro - talvez cortando a parte que está ruim - e consertar

Talvez haja outras outras formas mas estas são as que me vem à cabeça.

O que me fez refletir, que assim também são os relacionamentos...

Com o tempo, mesmo cuidando, ele se desgasta vai ficando puído, sem vida, ressecado. Você ainda gosta, ainda te cai bem, ainda se sente bem com ele, mas já não te segura como antes.

Então começa a avaliar:

1) continuar do jeito que está, isso levaria talvez abrir mão desse, é válida desde que seja uma escolha consciente e sem cobranças depois. Não precisa de um nenhuma colaboração do outro lado, é unilateral. É você e seus monstros que devem decidir se conseguem suportar e por quanto tempo uma coisa que está se despedaçando.

2) ir embora, dar um  basta, também é unilateral. É decidir ir. Pronto!

3) conversar, tentar recuperar o elo perdido, pegar um pouco e tentar reencontrar o que foi perdido. Este é o mais difícil pois depende que o outro também esteja disposto a lutar pelo relacionamento. E nem todos estão dispostos a esse trabalho e relacionamento dá trabalho.

Relacionamento também tem espinhos, também tem pedras. Tudo depende do quanto juntos estão dispostos a retirar os espinhos, a catar as pedras e fortalecê-lo. 

Conversar pode ser difícil, pois o outro pode não estar disposto a ouvir, não estar disposto a responder (sim responder, pois invariavelmente acabam pairando dúvidas na mente de cada um). Mas se calar, não ouvir talvez seja uma resposta. E cabe você decidir se convive com esta resposta ou não.

Relacionamento, família, amizade dá um trabalho então tem que se dar ao trabalho.

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